sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Bicicleta&Melancia – episódio 6

KN PRODUÇÕES
BICICLETA E MELANCIA

criação: Rodrigo Nogueira
direção geral: Jorge Nassaralla

CAPÍTULO SEIS

CENA 1. CALÇADÃO. EXT. DIA
REPETIÇÃO DA DIVISÃO DE TELA DO CAPÍTULO UM. VEMOS DE UM
LADO, DIANA CAMINHANDO SOZINHA DA ESQUERDA PARA A DIREITA.
DO OUTRO, MARCO (DA DIREITA PARA A ESQUERDA) CAMINHA. “USE
SOMEBODY” AO FUNDO. ELES CAMINHAM OLHANDO MEIO QUE PARA O
CHÃO E PARA O LONGE. E SE TROMBAM NOVAMENTE. SÓ QUE DESSA
VEZ, MARCO ESTÁ SEM A PRANCHA. NA TROMBADA DIANA MEIO QUE
VAI CAIR E MARCO A SEGURA EM SEUS BRAÇOS (OH, QUE LINDO).
DIANA — (COMPLETAMENTE BOBA) Você? De novo?
OS DOIS MUITO PRÓXIMOS UM DO OUTRO.

MARCO — Desculpa.

DIANA — Desculpa por quê?

MARCO — Pela trombada.

DIANA — Não, tudo bem. Eu também não tava olhando
direito.

MARCO — Parece que o destino fica conspirando pra
gente se encontrar o tempo todo, né?

DIANA — Ou é isso ou a gente tá num seriado de
televisão e não tá sabendo.

MARCO — Tipo Show de Truman?

DIANA — Você conhece Show de Truman?

MARCO — Me amarro nesse filme.

DIANA — Eu também.

MARCO — Por falar em seriado de televisão, eu
queria muito te pedir desculpas por
aquele dia lá no teste.

DIANA — Tranqüilo, já passou. E eu às vezes sou
mais esquentada que sol de meio-dia.

MARCO — (DEIXA ESCAPAR) Surge, formoso sol, e
mata a lua cheia de inveja por ter visto
que, como serva, és mais formosa que ela.

(HAHAHAHHA. DEIXA ESCAPAR ESSA, DANIEL.)

DIANA — Hein?

MARCO SEM SABER O QUE FAZER COMPLETAMENTE SEM JEITO.

MARCO — É... É... Prrrrrrrr.

DIANA — Marco, diz que você não fez isso.

MARCO — Eu não fiz isso.

FECHA NA IRRITAÇÃO DE DIANA.

CENA 2. LOCAÇÃO. QUARTO DE BRUNINHO. INT. DIA
BRUNINHO FINALMENTE TERMINA DE SE ARRUMAR. ELE ESTÁ DE
BERMUDA COM MEIAS PRETAS ATÉ O JOELHO E UMA CAMISA MUITO
SEM NOÇÃO COMO AQUELAS ESCRITAS: “INSTRUTOR SEXUAL,
PRIMEIRA AULA GRÁTIS” OU ALGO DO TIPO.

BRUNINHO — Agora sim. La chiquita va a se quedar
looooca. Lourinha. Aqui vou eu!

CENA 3. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
LÚCIA LAVANDO LOUÇA FAZENDO ALGUMA AÇÃO NA CASA ENQUANTO
TOCA A CAMPAINHA. Atenção Sonoplastia: TOQUE DE CAMPAINHA.

LÚCIA — Já vai.

ELA VAI ATENDER. QUANDO ABRE A PORTA, VEMOS FERNANDO COM UM
MACACÃO E SERROTE.

FERNANDO — Foi daqui que chamaram o faz-tudo?

LÚCIA — Fernando!

CENA 4. CALÇADÃO. EXT. DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 1. DIANA FURIOSA DIANTE DE
MARCO.

DIANA — Eu não to acreditando!

MARCO — Eu já falei! Eu não fiz isso. Eu não fiz
prrrrrrr. (PAUSA/PERCEBE)) Ai, desculpa,
cuspi na tua cara?

DIANA — Quando eu acho que pode ter alguma coisa
por trás desse ogro que você é...

MARCO — Mas tem. Eu não sou ogro,

DIANA — Você zomba de mim com uma brincadeira
idiota até pra quem tem oito anos, cospe
na minha cara e depois diz que não é
ogro?

MARCO — É que eu não sei. Eu não consigo. Eu não
sei.

DIANA — Não saber é definitivamente um termo que
define a sua falta de noção.

MARCO — Eu fico meio esquisito do teu lado.

DIANA — Que bom que você percebeu. E pra evitar
futuros conflitos é bom a gente manter
distância.

DIANA COMEÇA A SAIR. MARCO A SEGUE.

MARCO — Você não tá entendendo.

DIANA — Eu não to entendendo?

MARCO — Ou eu não to sabendo explicar.

DIANA — Inteligência realmente não parece ser o
seu forte.

MARCO — Caraca, até você?

DIANA — Até eu o quê?

CENA 5. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
LÚCIA DIANTE DE FERNANDO DE ENCANADOR.

LÚCIA — Fernando, você pirou?

FERNANDO — Faz parte do pedido de desculpas pela
nossa briga.

LÚCIA — Mas as flores que você me deu hoje de
manhã já foram o suficiente.

VAI AGARRANDO LÚCIA.

FERNANDO — Flor é bonito, mas o máximo de ação que
uma rosa vai te conseguir é um espirro.

LÚCIA — E essa roupa de faz-tudo?

FERNANDO — Eu to esperando conseguir um outro tipo
de ação com ela.

LÚCIA — Ah é?

FERNANDO — E fazer tudo.

LÚCIA — Nossa.

FERNANDO — Mas se você não gostou, eu posso tirar.

LÚCIA — Não. Eu tenho uma idéia melhor.

FECHA EM LÚCIA SACANA.

CENA 6. CALÇADÃO. EXT. DIA
DIANA SEGUE QUERENDO IR EMBORA E MARCO TENTANDO IMPEDIR OU
CAMINHANDO AO SEU LADO.

MARCO — Você nem me conhece direito pra falar que
“inteligência não é o meu forte”.

DIANA — Vamos combinar que você não tem lá muita
destreza pra usar o dom da fala.

MARCO — É porque eu tenho dificuldade de
expressar o que eu to sentindo falando.

DIANA — Pena que a humanidade ainda não
desenvolveu o dom da telepatia.

MARCO — Eu quero te explicar porque que eu fiz
essa brincadeira de novo.

DIANA — Sou toda ouvidos.

MARCO — Eu falei uma parada daí fiquei meio
bolado e fiz esse parada pra disfarçar
esse bolado, sacou?

DIANA — Não. Melhor tentar a telepatia.

MARCO — Eu só to querendo te dizer que eu...

DIANA — Olha, vamos fazer uma coisa? A gente não
precisa nunca mais se ver a não ser que
os dois passem praquele maldito teste.
Como essa é uma chance muito remota,
vamos torcer pra que ela não aconteça e
cada um segue o seu caminho, combinado?

MARCO — Caraca, menina. Eu não te entendo, sabia?
Às vezes eu acho que... Deixa pra lá.
Você tem razão. Melhor mesmo desistir.

MARCO SAI. DIANA FICA ALI PARADA BALANÇADA. ELA ABRE A
BOLSA RAPIDAMENTE E FALA ALTO.

DIANA — Peraí, eu não te devolvi a sua... (BAIXO)
quilha.

MARCO NÃO OUVE. SEGUE ANDANDO. DIANA FICA ALI PARADA
OLHANDO PRA QUILHA PENSATIVA NUM MISTO DE DOR, DESEJO,
PAIXÃO, DIFICULDADE DE EXPRESSAR OS SENTIMENTOS E FOME.

CENA 7. CASA DE DIANA. ENTRADA. INT DIA
DIANA CHEGA EM CASA E OUVE OS PAIS DENTRO DA CASA. ELA FICA
PARADA NA PORTA MEIO SEM ENTENDER.
(OBS: PODEMOS FAZER A CENA DE DENTRO DA SALA COM UM PLANO
PARADO NA PORTA SEM REVELAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA SALA
E DE REPENTE A PORTA SE ABRE E É DIANA).

LÚCIA — (OFF) Vai rápido, Fernando. A Diana vai
chegar.

FERNANDO — (OFF/OFEGANTE) Peraí, meu amor, eu também
não sou máquina, né?

LÚCIA — (OFF) Vaim tá quase lá, tá quase lá.

FERNANDO — (OFF) Me ajuda então pra acelerar o
processo.

LÚCIA — (OFF) Vai pra direita.

FERNANDO — (OFF) Aaaaaaaaai, tá difícil.

LÚCIA — (OFF) Não para, não para que tá ótimo.

FERNANDO — (OFF) To indo.

LÚCIA — (OFF) Isso, só mais um pouquinho, vai,
vai, vai!

DIANA ABRE A PORTA E ENTRA.

CENA 8. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
CONTINUAÇAO IMEDIATA DA CENA 7. DIANA ENTRA NA SALA. VEMOS
FERNANDO DE MACACÃO CARREGANDO UM GIGANTESCO QUADRO E
LÚCIA, TOTALMENTE VESTIDA, EM PÉ ATRÁS DELE GUIANDO-O. ELE
OFEGANTE POR CAUSA DO PESO DO QUADRO, FINALMENTE CONSEGUE
PENDURÁ-LO.

LÚCIA — Filha, chegou bem na hora!

FERNANDO — Mais um pouquinho o papai morria.

DIANA — Que é que vocês tavam fazendo?

LÚCIA — Seu pai tá me ajudando a pendurar esse
quadro.

FERNANDO — Ah, eu que tava te ajudando.

DIANA — E pra quê essa roupa?

LÚCIA — (SEM GRAÇA) Como pra quê? Pra não sujar a
roupa dele, ué. Mas e aí? Você gostou?

DIANA — É seu?

LÚCIA — É, eu voltei a pintar.

FERNANDO — Só falta aproveitar o embalo da filha e
voltar a atuar, agora.

LÚCIA — Para, Fernando. Pintar já tá de bom
tamanho.

DIANA — O quadro é lindo, mãe. Como é que é o
nome dele?

LÚCIA — Diana.

DIANA — É pra mim?

LÚCIA FAZ QUE SIM.

LÚCIA — Eu fiquei tão orgulhosa com sua decisão
de fazer o teste pra Boladão. Tão feliz
que eu resolvi colocar na tela.

DIANA — É lindo. Eu não tenho nem palavra pra
dizer o que eu to sentindo olhando esse
quadro.

FERNANDO — Nossa, Diana. Perdeu o dom da fala?

DIANA — Não é que a fala muitas vezes... (PARA/
SE LEMBRA DE MARCO) não dá conta.

LÚCIA — Mas um abraço dá.

LÚCIA E DIANA SE ABRAÇAM.

FERNANDO — Também quero!

FERNANDO SE JUNTA A ELAS.

LÚCIA — Mas e aí, filha? Como é que foi lá na
praia?

DIANA — Na praia?

LÚCIA — É. Você não ia encontrar com o tal de
Bruninho pra entregar sei lá o quê?

CORTA DIRETO PARA:

CENA 9. CALÇADÃO. EXT. DIA
BRUNINHO PARADO COM UM IMENSO BUQUÊ DE FLORES, TODO
ARRUMADO ESPERANDO DIANA.

BRUNINHO — Ué... Cadê a lourinha?

CENA 10. PRAIA. EXT. DIA
MARCO SURFANDO. CLIPE JOVEM E RÁPIDO DE MARCO MANDANDO
MUITO BEM NO SURFE. ELE SAI DA ÁGUA E VAI ATÉ GASTÃO QUE
ESTÁ POR ALI.

GASTÃO — Achei que tu não tava com cabeça pra
surfar hoje.

MARCO — É não tava. Mas aí eu fui andar no
calçadão aconteceu uma parada. Só a água
pra curar.

GASTÃO — Aposto que tem mulé na parada.

MARCO — Acertou em cheio.

GASTÃO — O que é que tá rolando? Conta aqui pro
tio Gastão.

CENA 11. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
DIANA E LÚCIA LANCHANDO NA SALA.

LÚCIA — Me explica direito, filha. Conta aqui
pra sua mãe.

DIANA — Não tá acontecendo nada. Só que eu to
morrendo de medo de passar nesse teste e
ter que fazer par romântico com o
surfistinha.

LÚCIA — Diana, você já parou pra pensar o que é
que te dá tanta raiva com esse garoto?

DIANA — Não. Eu não perco tempo com bobagens.

LÚCIA — Você é tão madura pra algumas coisas, mas
pra outras...

DIANA — Ih, mãe vai ficar me passando sermão
agora?

LÚCIA — Não é isso, meu amor. Eu to tentando te
ajudar.

DIANA — Ajudar?

LÚCIA — Você é fera Glauber Rocha, ouve
Rachmaninov, e lê James Joyce. Mas pra
alguns aspectos você ainda é uma menina.
E é normal.

DIANA — Ah é?

LÚCIA — Muito. E eu to tentando fazer você
enxergar.

DIANA — Enxergar o quê?

CENA 12. PRAIA. EXT. DIA
GASTÃO DIANTE DE MARCO.

GASTÃO — Que tu tá a fim dessa carne nova.

MARCO — A Diana? Não, eu só não sei direito agir
perto dela.

GASTÃO — Tu sabe como é o nome disso: tesão
entubado.

MARCO — Que isso, Gastão?

GASTÃO — Tá no osso porque a Gabi é virgem e ficou
maluquinho com a atriz do teste.

MARCO — Não tem nada a ver...

GASTÃO — Já falei que se tu quiser tenho os meus
filminhos. Vi um ontem que tu vai adorar:
“Metrix”.

CENA 13. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
DIANA E LÚCIA SEGUEM CONVERSANDO.

DIANA — Eu não to entendendo o que você quer que
eu enxergue.

FERNANDO VEM DE DENTRO COM UMA SACOLA E JÁ COM ROUPA DE
TRABALHO (TERNO E GRAVATA)

FERNANDO — Bom, gente, eu vou voltar pro trabalho.

LÚCIA — Peraí, o que é que você tá levando na
sacola?

FERNANDO — O macacão. Vou devolver.

LÚCIA — (LASCIVA) Não devolve não. Tem mais uns
quadros pra pendurar...

FERNANDO — Tá certo. A gente se vê de noite.

FERNANDO SAI.

DIANA — Dá pra você me dizer o que é que você
quer que eu enxergue?

CENA 14. PRAIA. EXT. DIA
MARCO E GASTÃO.

MARCO — Bom, mestre. Eu vou puxar.

GASTÃO — Vai pela sombra. E pensa no que eu te
falei.

MARCO — Não, eu to legal dos filmes.

GASTÃO — Não é dos filmes. É da atriz.

MARCO — O que é que tem?

GASTÃO — Investe nessa tal de Diana. Tu dá uns
cato nela pra desafogar a pressão e
mantém a Gabizinha dentro do coração.
Caraca, to poeta hoje.

MARCO — É...

GASTÃO — Ouve o que eu to falando, rapá. Namorada
virgem é raridade hoje em dia.

MARCO — Tá beleza. Te mais.

MARCO SAI.

CENA 15. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
DIANA DIANTE DA MÃE.

LÚCIA — Você tá apaixonada por esse Marco, pronto
falei.

DIANA — O quê?

LÚCIA — Minha filha, tá escrito na tua testa.

DIANA — Bicicleta e Melancia mãe.

LÚCIA — Como assim?

DIANA — A gente é muito diferente.

LÚCIA — Tem certeza.

DIANA — Ele me irrita.

LÚCIA — Quer indício maior de paixão?

DIANA — Se você quer saber eu até achei que
tivesse alguma coisa por trás dele que
escondesse um cara mais sensível.

LÚCIA — Mas...

DIANA — Mas eu vi que eu tava errada!

LÚCIA — Segue a sua intuição.

DIANA — A minha intuição diz que eu tava errada.

LÚCIA — Diana, para um pouco e se escuta. Você
não é dona da verdade.

DIANA — E você não me entende o tanto quanto você
acha!

DIANA SAI IRRITADA PRO QUARTO.

LÚCIA — (PARA SI) Aí é que você se engana, minha
filha. Aí é que você se engana.

PASSAGEM DE TEMPO. IMAGENS DO RIO DE JANEIRO AO ANOITECER

CENA 16. CASA DE DIANA. QUARTO DE DIANA. INT. NOITE
DIANA E BETA PASSANDO TEXTO. BETA COM O TEXTO NA MÃO.

DIANA — Ai de mim. O que acontece? (QUEBRA). A
minha mãe só pode tar pirando.

BETA — Quer voltar pro texto Diana?

DIANA — Ai de mim. O que acontece? Dizer que eu
to apaixonada pelo surfistinha?

BETA — Se você não focar no ensaio amanhã você
vai tar mais canastra que Lindsay Lohan.

DIANA — Ai de mim. O que acontece? Será realmente
que eu to ficando louca.

BETA — Louca vou ficar eu se você não terminar a
droga da fala!

DIANA — Ai de mim. O que acontece? Por que me
olhas dessa maneira.

BETA — (LENDO NO TEXTO) Porque é assim que um
olha quando olha para o sol. E tu és o
sol. Surge, formoso sol, e mata a lua
cheia de inveja por ter visto que, como
serva, és mais formosa que ela.

DIANA FICA PASSADA AO RECONHECER A FALA.

BETA — Diana, sua vez de dizer o texto.

DIANA — Quê que é isso que você falou agora?

BETA — A fala do Romeu. O que é que foi?
Aconteceu alguma coisa?

CORTA DIRETO PARA:

CENA 17. QUARTO DE MARCO. INT. DIA
MARCO E BRUNINHO CONVERSAM.

MARCO — Não aconteceu nada Bruninho.

BRUNINHO — Eu venho até aqui pra gente jogar FIFA
Soccer e você me diz que não tá com
cabeça?

MARCO — Eu to cansado, só isso.

BRUNINHO — Tem alguma coisa rolando aí.

MARCO — Tem. A tua chatice.

BRUNINHO — Você não me engana.

MARCO — E você não me dá paz.

BRUNINHO — Fala logo o que é que tá te deixando
bolado.

MARCO — Eu já disse: nada.

BRUNINHO — Eu te conheço Marco Monte Aquino.

CENA 18. CASA DE DIANA. QUARTO DE DIANA. INT. DIA
DIANA E BETA.

BETA — Romeu Montecchio. Personagem da peça que
a gente tá estudando.

DIANA — Eu sei Beta.

BETA — Então por quê o espanto? Essa é uma fala
do Romeu.

DIANA — É que eu achei que eu tivesse ouvido essa
fala hoje mais cedo.

BETA — Você ensaiou com outra pessoa?

DIANA — Não.

BETA — Viu o filme com o Leo DiCaprio?

DIANA — Não.

BETA — Andou espionando as outras aulas do
Melchior.

DIANA — Claro que não.

BETA — Então acho difícil você ter ouvido. A não
ser que você tenha trombado na rua com um
profundo conhecedor de Shakespeare que
recita versos de Romeu e Julieta em vez
de pedir desculpas.

CENA 19. QUARTO DE MARCO. INT. DIA
BRUNINHO E MARCO.

MARCO — Desculpa, mas eu não to muito bem.

BRUNINHO — Tem a ver com a Gabi?

MARCO — Mais ou menos.

BRUNINHO — Ela tá metida com macumba, né?

MARCO — Hã?

BRUNINHO — É por isso que ela fica aparecendo do
nada. Morro de medo dessa mulé.

MARCO — Bruninho...

BRUNINHO — Conta pra mim, cara eu sou teu amigo.

MARCO — É que eu não me sinto à vontade.

BRUNINHO — Tu fez cocô na cama quando a gente tinha
oito anos de idade!

MARCO — E daí?

BRUNINHO — E daí que foi na minha cama. Tu tava
dormindo do meu lado lá em casa, lembra?
Mais intimidade do que isso só se/

MARCO — Tá bom Bruninho.

BRUNINHO — Você vai contar?

MARCO — Conto.

CENA 20. CASA DE DIANA. QUARTO DE DIANA. INT. NOITE
DIANA PASSADA DIANTE DE BETA.

DIANA — Ele dizendo Shakespeare? Será?

BETA — Diana. Alôooooooo!

CENA 20. QUARTO DE MARCO. INT. NOITE

BRUNINHO — Então diz. O que é que tá pegando?

MARCO — A Gabi tá me chantageando.

BRUNINHO — Chantageando?

MARCO — Ela quer me obrigar a namorar com ela.

BRUNINHO — Hã?

MARCO — Ela disse que ou eu volto a namorar com
ela ou ela conta pra todo mundo que eu...

BRUNINHO — Ela conta pra todo mundo o quê?

MARCO NÃO RESPONDE.

BRUNINHO — Fala Marco! Que segredo é esse que tu tem
que só a Gabi sabe?

FECHA EM MARCO RETICENTE.
FIM

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