KN PRODUÇÕES
BICICLETA E MELANCIA
criação: Rodrigo Nogueira
direção geral: Jorge Nassaralla
CAPÍTULO SEIS
CENA 1. CALÇADÃO. EXT. DIA
REPETIÇÃO DA DIVISÃO DE TELA DO CAPÍTULO UM. VEMOS DE UM
LADO, DIANA CAMINHANDO SOZINHA DA ESQUERDA PARA A DIREITA.
DO OUTRO, MARCO (DA DIREITA PARA A ESQUERDA) CAMINHA. “USE
SOMEBODY” AO FUNDO. ELES CAMINHAM OLHANDO MEIO QUE PARA O
CHÃO E PARA O LONGE. E SE TROMBAM NOVAMENTE. SÓ QUE DESSA
VEZ, MARCO ESTÁ SEM A PRANCHA. NA TROMBADA DIANA MEIO QUE
VAI CAIR E MARCO A SEGURA EM SEUS BRAÇOS (OH, QUE LINDO).
DIANA — (COMPLETAMENTE BOBA) Você? De novo?
OS DOIS MUITO PRÓXIMOS UM DO OUTRO.
MARCO — Desculpa.
DIANA — Desculpa por quê?
MARCO — Pela trombada.
DIANA — Não, tudo bem. Eu também não tava olhando
direito.MARCO — Parece que o destino fica conspirando pra
gente se encontrar o tempo todo, né?DIANA — Ou é isso ou a gente tá num seriado de
televisão e não tá sabendo.MARCO — Tipo Show de Truman?
DIANA — Você conhece Show de Truman?
MARCO — Me amarro nesse filme.
DIANA — Eu também.
MARCO — Por falar em seriado de televisão, eu
queria muito te pedir desculpas por
aquele dia lá no teste.DIANA — Tranqüilo, já passou. E eu às vezes sou
mais esquentada que sol de meio-dia.MARCO — (DEIXA ESCAPAR) Surge, formoso sol, e
mata a lua cheia de inveja por ter visto
que, como serva, és mais formosa que ela.
(HAHAHAHHA. DEIXA ESCAPAR ESSA, DANIEL.)
DIANA — Hein?
MARCO SEM SABER O QUE FAZER COMPLETAMENTE SEM JEITO.
MARCO — É... É... Prrrrrrrr.
DIANA — Marco, diz que você não fez isso.
MARCO — Eu não fiz isso.
FECHA NA IRRITAÇÃO DE DIANA.
CENA 2. LOCAÇÃO. QUARTO DE BRUNINHO. INT. DIA
BRUNINHO FINALMENTE TERMINA DE SE ARRUMAR. ELE ESTÁ DE
BERMUDA COM MEIAS PRETAS ATÉ O JOELHO E UMA CAMISA MUITO
SEM NOÇÃO COMO AQUELAS ESCRITAS: “INSTRUTOR SEXUAL,
PRIMEIRA AULA GRÁTIS” OU ALGO DO TIPO.
BRUNINHO — Agora sim. La chiquita va a se quedar
looooca. Lourinha. Aqui vou eu!
CENA 3. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
LÚCIA LAVANDO LOUÇA FAZENDO ALGUMA AÇÃO NA CASA ENQUANTO
TOCA A CAMPAINHA. Atenção Sonoplastia: TOQUE DE CAMPAINHA.
LÚCIA — Já vai.
ELA VAI ATENDER. QUANDO ABRE A PORTA, VEMOS FERNANDO COM UM
MACACÃO E SERROTE.
FERNANDO — Foi daqui que chamaram o faz-tudo?
LÚCIA — Fernando!
CENA 4. CALÇADÃO. EXT. DIA
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 1. DIANA FURIOSA DIANTE DE
MARCO.
DIANA — Eu não to acreditando!
MARCO — Eu já falei! Eu não fiz isso. Eu não fiz
prrrrrrr. (PAUSA/PERCEBE)) Ai, desculpa,
cuspi na tua cara?DIANA — Quando eu acho que pode ter alguma coisa
por trás desse ogro que você é...MARCO — Mas tem. Eu não sou ogro,
DIANA — Você zomba de mim com uma brincadeira
idiota até pra quem tem oito anos, cospe
na minha cara e depois diz que não é
ogro?MARCO — É que eu não sei. Eu não consigo. Eu não
sei.DIANA — Não saber é definitivamente um termo que
define a sua falta de noção.MARCO — Eu fico meio esquisito do teu lado.
DIANA — Que bom que você percebeu. E pra evitar
futuros conflitos é bom a gente manter
distância.
DIANA COMEÇA A SAIR. MARCO A SEGUE.
MARCO — Você não tá entendendo.
DIANA — Eu não to entendendo?
MARCO — Ou eu não to sabendo explicar.
DIANA — Inteligência realmente não parece ser o
seu forte.MARCO — Caraca, até você?
DIANA — Até eu o quê?
CENA 5. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
LÚCIA DIANTE DE FERNANDO DE ENCANADOR.
LÚCIA — Fernando, você pirou?
FERNANDO — Faz parte do pedido de desculpas pela
nossa briga.LÚCIA — Mas as flores que você me deu hoje de
manhã já foram o suficiente.
VAI AGARRANDO LÚCIA.
FERNANDO — Flor é bonito, mas o máximo de ação que
uma rosa vai te conseguir é um espirro.LÚCIA — E essa roupa de faz-tudo?
FERNANDO — Eu to esperando conseguir um outro tipo
de ação com ela.LÚCIA — Ah é?
FERNANDO — E fazer tudo.
LÚCIA — Nossa.
FERNANDO — Mas se você não gostou, eu posso tirar.
LÚCIA — Não. Eu tenho uma idéia melhor.
FECHA EM LÚCIA SACANA.
CENA 6. CALÇADÃO. EXT. DIA
DIANA SEGUE QUERENDO IR EMBORA E MARCO TENTANDO IMPEDIR OU
CAMINHANDO AO SEU LADO.
MARCO — Você nem me conhece direito pra falar que
“inteligência não é o meu forte”.DIANA — Vamos combinar que você não tem lá muita
destreza pra usar o dom da fala.MARCO — É porque eu tenho dificuldade de
expressar o que eu to sentindo falando.DIANA — Pena que a humanidade ainda não
desenvolveu o dom da telepatia.MARCO — Eu quero te explicar porque que eu fiz
essa brincadeira de novo.DIANA — Sou toda ouvidos.
MARCO — Eu falei uma parada daí fiquei meio
bolado e fiz esse parada pra disfarçar
esse bolado, sacou?DIANA — Não. Melhor tentar a telepatia.
MARCO — Eu só to querendo te dizer que eu...
DIANA — Olha, vamos fazer uma coisa? A gente não
precisa nunca mais se ver a não ser que
os dois passem praquele maldito teste.
Como essa é uma chance muito remota,
vamos torcer pra que ela não aconteça e
cada um segue o seu caminho, combinado?MARCO — Caraca, menina. Eu não te entendo, sabia?
Às vezes eu acho que... Deixa pra lá.
Você tem razão. Melhor mesmo desistir.
MARCO SAI. DIANA FICA ALI PARADA BALANÇADA. ELA ABRE A
BOLSA RAPIDAMENTE E FALA ALTO.
DIANA — Peraí, eu não te devolvi a sua... (BAIXO)
quilha.
MARCO NÃO OUVE. SEGUE ANDANDO. DIANA FICA ALI PARADA
OLHANDO PRA QUILHA PENSATIVA NUM MISTO DE DOR, DESEJO,
PAIXÃO, DIFICULDADE DE EXPRESSAR OS SENTIMENTOS E FOME.
CENA 7. CASA DE DIANA. ENTRADA. INT DIA
DIANA CHEGA EM CASA E OUVE OS PAIS DENTRO DA CASA. ELA FICA
PARADA NA PORTA MEIO SEM ENTENDER.
(OBS: PODEMOS FAZER A CENA DE DENTRO DA SALA COM UM PLANO
PARADO NA PORTA SEM REVELAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA SALA
E DE REPENTE A PORTA SE ABRE E É DIANA).
LÚCIA — (OFF) Vai rápido, Fernando. A Diana vai
chegar.FERNANDO — (OFF/OFEGANTE) Peraí, meu amor, eu também
não sou máquina, né?LÚCIA — (OFF) Vaim tá quase lá, tá quase lá.
FERNANDO — (OFF) Me ajuda então pra acelerar o
processo.LÚCIA — (OFF) Vai pra direita.
FERNANDO — (OFF) Aaaaaaaaai, tá difícil.
LÚCIA — (OFF) Não para, não para que tá ótimo.
FERNANDO — (OFF) To indo.
LÚCIA — (OFF) Isso, só mais um pouquinho, vai,
vai, vai!
DIANA ABRE A PORTA E ENTRA.
CENA 8. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
CONTINUAÇAO IMEDIATA DA CENA 7. DIANA ENTRA NA SALA. VEMOS
FERNANDO DE MACACÃO CARREGANDO UM GIGANTESCO QUADRO E
LÚCIA, TOTALMENTE VESTIDA, EM PÉ ATRÁS DELE GUIANDO-O. ELE
OFEGANTE POR CAUSA DO PESO DO QUADRO, FINALMENTE CONSEGUE
PENDURÁ-LO.
LÚCIA — Filha, chegou bem na hora!
FERNANDO — Mais um pouquinho o papai morria.
DIANA — Que é que vocês tavam fazendo?
LÚCIA — Seu pai tá me ajudando a pendurar esse
quadro.FERNANDO — Ah, eu que tava te ajudando.
DIANA — E pra quê essa roupa?
LÚCIA — (SEM GRAÇA) Como pra quê? Pra não sujar a
roupa dele, ué. Mas e aí? Você gostou?DIANA — É seu?
LÚCIA — É, eu voltei a pintar.
FERNANDO — Só falta aproveitar o embalo da filha e
voltar a atuar, agora.LÚCIA — Para, Fernando. Pintar já tá de bom
tamanho.DIANA — O quadro é lindo, mãe. Como é que é o
nome dele?LÚCIA — Diana.
DIANA — É pra mim?
LÚCIA FAZ QUE SIM.
LÚCIA — Eu fiquei tão orgulhosa com sua decisão
de fazer o teste pra Boladão. Tão feliz
que eu resolvi colocar na tela.DIANA — É lindo. Eu não tenho nem palavra pra
dizer o que eu to sentindo olhando esse
quadro.FERNANDO — Nossa, Diana. Perdeu o dom da fala?
DIANA — Não é que a fala muitas vezes... (PARA/
SE LEMBRA DE MARCO) não dá conta.LÚCIA — Mas um abraço dá.
LÚCIA E DIANA SE ABRAÇAM.
FERNANDO — Também quero!
FERNANDO SE JUNTA A ELAS.
LÚCIA — Mas e aí, filha? Como é que foi lá na
praia?DIANA — Na praia?
LÚCIA — É. Você não ia encontrar com o tal de
Bruninho pra entregar sei lá o quê?
CORTA DIRETO PARA:
CENA 9. CALÇADÃO. EXT. DIA
BRUNINHO PARADO COM UM IMENSO BUQUÊ DE FLORES, TODO
ARRUMADO ESPERANDO DIANA.
BRUNINHO — Ué... Cadê a lourinha?
CENA 10. PRAIA. EXT. DIA
MARCO SURFANDO. CLIPE JOVEM E RÁPIDO DE MARCO MANDANDO
MUITO BEM NO SURFE. ELE SAI DA ÁGUA E VAI ATÉ GASTÃO QUE
ESTÁ POR ALI.
GASTÃO — Achei que tu não tava com cabeça pra
surfar hoje.MARCO — É não tava. Mas aí eu fui andar no
calçadão aconteceu uma parada. Só a água
pra curar.GASTÃO — Aposto que tem mulé na parada.
MARCO — Acertou em cheio.
GASTÃO — O que é que tá rolando? Conta aqui pro
tio Gastão.
CENA 11. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
DIANA E LÚCIA LANCHANDO NA SALA.
LÚCIA — Me explica direito, filha. Conta aqui
pra sua mãe.DIANA — Não tá acontecendo nada. Só que eu to
morrendo de medo de passar nesse teste e
ter que fazer par romântico com o
surfistinha.LÚCIA — Diana, você já parou pra pensar o que é
que te dá tanta raiva com esse garoto?DIANA — Não. Eu não perco tempo com bobagens.
LÚCIA — Você é tão madura pra algumas coisas, mas
pra outras...DIANA — Ih, mãe vai ficar me passando sermão
agora?LÚCIA — Não é isso, meu amor. Eu to tentando te
ajudar.DIANA — Ajudar?
LÚCIA — Você é fera Glauber Rocha, ouve
Rachmaninov, e lê James Joyce. Mas pra
alguns aspectos você ainda é uma menina.
E é normal.DIANA — Ah é?
LÚCIA — Muito. E eu to tentando fazer você
enxergar.DIANA — Enxergar o quê?
CENA 12. PRAIA. EXT. DIA
GASTÃO DIANTE DE MARCO.
GASTÃO — Que tu tá a fim dessa carne nova.
MARCO — A Diana? Não, eu só não sei direito agir
perto dela.GASTÃO — Tu sabe como é o nome disso: tesão
entubado.MARCO — Que isso, Gastão?
GASTÃO — Tá no osso porque a Gabi é virgem e ficou
maluquinho com a atriz do teste.MARCO — Não tem nada a ver...
GASTÃO — Já falei que se tu quiser tenho os meus
filminhos. Vi um ontem que tu vai adorar:
“Metrix”.
CENA 13. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
DIANA E LÚCIA SEGUEM CONVERSANDO.
DIANA — Eu não to entendendo o que você quer que
eu enxergue.
FERNANDO VEM DE DENTRO COM UMA SACOLA E JÁ COM ROUPA DE
TRABALHO (TERNO E GRAVATA)
FERNANDO — Bom, gente, eu vou voltar pro trabalho.
LÚCIA — Peraí, o que é que você tá levando na
sacola?FERNANDO — O macacão. Vou devolver.
LÚCIA — (LASCIVA) Não devolve não. Tem mais uns
quadros pra pendurar...FERNANDO — Tá certo. A gente se vê de noite.
FERNANDO SAI.
DIANA — Dá pra você me dizer o que é que você
quer que eu enxergue?
CENA 14. PRAIA. EXT. DIA
MARCO E GASTÃO.
MARCO — Bom, mestre. Eu vou puxar.
GASTÃO — Vai pela sombra. E pensa no que eu te
falei.MARCO — Não, eu to legal dos filmes.
GASTÃO — Não é dos filmes. É da atriz.
MARCO — O que é que tem?
GASTÃO — Investe nessa tal de Diana. Tu dá uns
cato nela pra desafogar a pressão e
mantém a Gabizinha dentro do coração.
Caraca, to poeta hoje.MARCO — É...
GASTÃO — Ouve o que eu to falando, rapá. Namorada
virgem é raridade hoje em dia.MARCO — Tá beleza. Te mais.
MARCO SAI.
CENA 15. CASA DE DIANA. SALA. INT. DIA
DIANA DIANTE DA MÃE.
LÚCIA — Você tá apaixonada por esse Marco, pronto
falei.DIANA — O quê?
LÚCIA — Minha filha, tá escrito na tua testa.
DIANA — Bicicleta e Melancia mãe.
LÚCIA — Como assim?
DIANA — A gente é muito diferente.
LÚCIA — Tem certeza.
DIANA — Ele me irrita.
LÚCIA — Quer indício maior de paixão?
DIANA — Se você quer saber eu até achei que
tivesse alguma coisa por trás dele que
escondesse um cara mais sensível.LÚCIA — Mas...
DIANA — Mas eu vi que eu tava errada!
LÚCIA — Segue a sua intuição.
DIANA — A minha intuição diz que eu tava errada.
LÚCIA — Diana, para um pouco e se escuta. Você
não é dona da verdade.DIANA — E você não me entende o tanto quanto você
acha!
DIANA SAI IRRITADA PRO QUARTO.
LÚCIA — (PARA SI) Aí é que você se engana, minha
filha. Aí é que você se engana.
PASSAGEM DE TEMPO. IMAGENS DO RIO DE JANEIRO AO ANOITECER
CENA 16. CASA DE DIANA. QUARTO DE DIANA. INT. NOITE
DIANA E BETA PASSANDO TEXTO. BETA COM O TEXTO NA MÃO.
DIANA — Ai de mim. O que acontece? (QUEBRA). A
minha mãe só pode tar pirando.BETA — Quer voltar pro texto Diana?
DIANA — Ai de mim. O que acontece? Dizer que eu
to apaixonada pelo surfistinha?BETA — Se você não focar no ensaio amanhã você
vai tar mais canastra que Lindsay Lohan.DIANA — Ai de mim. O que acontece? Será realmente
que eu to ficando louca.BETA — Louca vou ficar eu se você não terminar a
droga da fala!DIANA — Ai de mim. O que acontece? Por que me
olhas dessa maneira.BETA — (LENDO NO TEXTO) Porque é assim que um
olha quando olha para o sol. E tu és o
sol. Surge, formoso sol, e mata a lua
cheia de inveja por ter visto que, como
serva, és mais formosa que ela.
DIANA FICA PASSADA AO RECONHECER A FALA.
BETA — Diana, sua vez de dizer o texto.
DIANA — Quê que é isso que você falou agora?
BETA — A fala do Romeu. O que é que foi?
Aconteceu alguma coisa?
CORTA DIRETO PARA:
CENA 17. QUARTO DE MARCO. INT. DIA
MARCO E BRUNINHO CONVERSAM.
MARCO — Não aconteceu nada Bruninho.
BRUNINHO — Eu venho até aqui pra gente jogar FIFA
Soccer e você me diz que não tá com
cabeça?MARCO — Eu to cansado, só isso.
BRUNINHO — Tem alguma coisa rolando aí.
MARCO — Tem. A tua chatice.
BRUNINHO — Você não me engana.
MARCO — E você não me dá paz.
BRUNINHO — Fala logo o que é que tá te deixando
bolado.MARCO — Eu já disse: nada.
BRUNINHO — Eu te conheço Marco Monte Aquino.
CENA 18. CASA DE DIANA. QUARTO DE DIANA. INT. DIA
DIANA E BETA.
BETA — Romeu Montecchio. Personagem da peça que
a gente tá estudando.DIANA — Eu sei Beta.
BETA — Então por quê o espanto? Essa é uma fala
do Romeu.DIANA — É que eu achei que eu tivesse ouvido essa
fala hoje mais cedo.BETA — Você ensaiou com outra pessoa?
DIANA — Não.
BETA — Viu o filme com o Leo DiCaprio?
DIANA — Não.
BETA — Andou espionando as outras aulas do
Melchior.DIANA — Claro que não.
BETA — Então acho difícil você ter ouvido. A não
ser que você tenha trombado na rua com um
profundo conhecedor de Shakespeare que
recita versos de Romeu e Julieta em vez
de pedir desculpas.
CENA 19. QUARTO DE MARCO. INT. DIA
BRUNINHO E MARCO.
MARCO — Desculpa, mas eu não to muito bem.
BRUNINHO — Tem a ver com a Gabi?
MARCO — Mais ou menos.
BRUNINHO — Ela tá metida com macumba, né?
MARCO — Hã?
BRUNINHO — É por isso que ela fica aparecendo do
nada. Morro de medo dessa mulé.MARCO — Bruninho...
BRUNINHO — Conta pra mim, cara eu sou teu amigo.
MARCO — É que eu não me sinto à vontade.
BRUNINHO — Tu fez cocô na cama quando a gente tinha
oito anos de idade!MARCO — E daí?
BRUNINHO — E daí que foi na minha cama. Tu tava
dormindo do meu lado lá em casa, lembra?
Mais intimidade do que isso só se/MARCO — Tá bom Bruninho.
BRUNINHO — Você vai contar?
MARCO — Conto.
CENA 20. CASA DE DIANA. QUARTO DE DIANA. INT. NOITE
DIANA PASSADA DIANTE DE BETA.
DIANA — Ele dizendo Shakespeare? Será?
BETA — Diana. Alôooooooo!
CENA 20. QUARTO DE MARCO. INT. NOITE
BRUNINHO — Então diz. O que é que tá pegando?
MARCO — A Gabi tá me chantageando.
BRUNINHO — Chantageando?
MARCO — Ela quer me obrigar a namorar com ela.
BRUNINHO — Hã?
MARCO — Ela disse que ou eu volto a namorar com
ela ou ela conta pra todo mundo que eu...BRUNINHO — Ela conta pra todo mundo o quê?
MARCO NÃO RESPONDE.
BRUNINHO — Fala Marco! Que segredo é esse que tu tem
que só a Gabi sabe?
FECHA EM MARCO RETICENTE.
FIM
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