Um menino de 5 anos e uma bicha de uns 60. A bicha é grisalha com feições indígenas.
Bicha: Voal.
Menino: A gente vai voar?
Bicha: Não, criança chata. Voal é um tecido de quinta usado por gente de sexta que acredita que qualquer coisa que levanta quando bate uma brisa é chique.
Menino: Gente de sexta?
Bicha: Seres rastejantes que deixam suas peles encostar em excrementos tais como polyester e chita.
Menino: Mas Chita não é a macaca do Tarzan?
Bicha: Ai… Tarzan… O que um belo corpo não é capaz de fazer com um pedaço de tecido. Transforma qualquer trapinho sujo e esfarrapado numa desejada tanga bem recheada, senhora dos sortilégios lascivos da pura masculinidade.
Menino: O quê?
Bicha: Nada, não.
Menino: Vamos jogar futebol?
Bicha: Cruuuuuuuuuuuzes. Blusa de jerse com calção de nylon? Nem morta.
Menino: Soltar pipa?
Bicha: Só se for com linha de seda.
Menino: Esconde-esconde?
Bicha: Vai ter bofe?
Menino: Que que isso?
ENTRA UMA SENHORA. A BICHA SE RECOMPÕE E VIRA MACHO.
Senhora: Jacinto, a pia da cozinha tá pingando de novo.
Bicha (agora macha): Pode deixar que eu concerto meu amor. E é pra já!
BICHA SAI. FICA SENHORA E MENINO.
Senhora: Ai, seu avô é um homem e tanto. Quando crescer eu queria muito que você fosse igual a ele, Clô. Igual a ele.
Menino: Igualzinho, vovó?
Senhora: Igualzinho.
Um comentário:
esse texto eu escrevi quando o tema do dramadiário era "clô dovil". gênese. como se o menino fosse ele... rsrsrsr
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