sexta-feira, 24 de setembro de 2010

PRA SEMPRE

Homem: Você não trem o que temer…

Mulher: Hein?

Homem: Você. Você não tem o que tremer.

Mulher: Eu não tenho que tremer?

Homem: Não foi isso que eu disse.

Mulher: Foi sim.

Homem: Foi?

Mulher: E no início ainda falou “trem.”

Homem: Falei?

Mulher: Falou. “Não trem o que temer.”

Homem: Não! Eu disse “não tem o que temer”.

Mulher: Não disse não.

Homem: É claro que eu disse.

Mulher: Nem da segunda vez.

Homem: Segunda vez?

Mulher: Quando eu perguntei “hein” você respondeu “não tem o que tremer”.

Homem: É a mesma coisa.

Mulher: Temer e tremer?

Homem: É. A mesma coisa.

Mulher: Desde quando?

Homem: Quem teme, treme.

Mulher: Mas nem todo mundo que treme teme. Tem gente que treme de frio.

Homem: E daí?

Mulher: Treme, mas não teme.

Homem: Eu não tô entendendo.

Mulher: VOCÊ, não está entendendo?

Homem: Qual o trema dessa conversa.

Mulher: Não tem.

Homem: Hein?

Mulher: Não tem trema. O trema foi abolido na reforma linguística..

Homem: Você não pronunciou o “u” de linguistica.

Mulher: Justamente. O trema foi abolido.

Homem: Mas não na pronúncia.

Mulher: Eu sou assim. Não gusto de fazer diferença entre linguagem escrita e falada.

Homem: Gusto?

Mulher: Tenho lido uns livros em espanhol.

Homem: Júliaaaaaaa!

Mulher: O quê????

(silêncio)

Homem: Eu só queria dizer que você não precisa se preocupar! Por que é que a gente sempre desvirtua assim as nossa conversas?

Mulher: Por que senão seria chato.

ELE ABRE UM SORRISO. OS DOIS SE OLHAM CÚMPLICES.

Mulher: Sobre o que é que eu não preciso me preocupar mesmo?

FIM

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