Homem: Você não trem o que temer…
Mulher: Hein?
Homem: Você. Você não tem o que tremer.
Mulher: Eu não tenho que tremer?
Homem: Não foi isso que eu disse.
Mulher: Foi sim.
Homem: Foi?
Mulher: E no início ainda falou “trem.”
Homem: Falei?
Mulher: Falou. “Não trem o que temer.”
Homem: Não! Eu disse “não tem o que temer”.
Mulher: Não disse não.
Homem: É claro que eu disse.
Mulher: Nem da segunda vez.
Homem: Segunda vez?
Mulher: Quando eu perguntei “hein” você respondeu “não tem o que tremer”.
Homem: É a mesma coisa.
Mulher: Temer e tremer?
Homem: É. A mesma coisa.
Mulher: Desde quando?
Homem: Quem teme, treme.
Mulher: Mas nem todo mundo que treme teme. Tem gente que treme de frio.
Homem: E daí?
Mulher: Treme, mas não teme.
Homem: Eu não tô entendendo.
Mulher: VOCÊ, não está entendendo?
Homem: Qual o trema dessa conversa.
Mulher: Não tem.
Homem: Hein?
Mulher: Não tem trema. O trema foi abolido na reforma linguística..
Homem: Você não pronunciou o “u” de linguistica.
Mulher: Justamente. O trema foi abolido.
Homem: Mas não na pronúncia.
Mulher: Eu sou assim. Não gusto de fazer diferença entre linguagem escrita e falada.
Homem: Gusto?
Mulher: Tenho lido uns livros em espanhol.
Homem: Júliaaaaaaa!
Mulher: O quê????
(silêncio)
Homem: Eu só queria dizer que você não precisa se preocupar! Por que é que a gente sempre desvirtua assim as nossa conversas?
Mulher: Por que senão seria chato.
ELE ABRE UM SORRISO. OS DOIS SE OLHAM CÚMPLICES.
Mulher: Sobre o que é que eu não preciso me preocupar mesmo?
FIM
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