Melhor de três é uma peça que conta a história de três adolescentes em cituações do cotidiano. Até que a vida lhes prega uma peça.
Sem dúvida alguma, essa peça inédita de Rodrigo Nogueira, será mais um grande sucesso do autor. Que, agora, deseja saber a sua opinião. Deixe - a como cometário.
Melhor de Três
A peça se passa num palco vazio com um telão atrás. Os cenários, passagens de tempo e alguns personagens são projetados no telão.
Júlia
17 anos. Doce e centrada. Quer fazer faculdade de veterinária e é apaixonada pelo namorado Gastão.
Gastão
18 anos. Divertido e extrovertido. Não é lá muito estudioso, mas está longe do estereótipo do fortão burro. Um garoto comum, que adora esportes e é bastante esperto. Quer fazer faculdade de educação física. Ama sua namorada Júlia.
Andrezinho (Dedé).
17 anos. Inteligente e tímido. Melhor amigo de Gastão. É completamente diferente dele, mas os dois se dão muito bem. Andrezinho também é bastante amigo de Júlia e segura a barra das brigas do casal porque gosta muito de ambos.
Cena 1
Música jovem e acelerada. Os três entram em cena fazendo mímica de ações do cotidiano dizendo os seguintes textos simultaneamente e repetidamente. Num dado momento, a música cai pra BG e cada um deles se destaca dizendo o texto sozinho:
Andrezinho: Quando eu era criança eu ficava pensando em como o Universo era enorme. Daí eu criava coragem pra fazer o que eu bem entendesse. Eu pensava que se tinha tanta coisa acontecendo no infinito, uma coisinha que eu fizesse não faria a menor diferença pro mundo. Mas agora esse mesmo pensamento que me deixava tão corajoso, tem me deixado sem ação. Agora parece que tudo o que eu faço acaba virando uma bobagem perto de tanta gente fazendo tanta coisa. Às vezes eu tenho a impressão de que eu vou ser engolido pelo universo. Sabe quando a gente olha uma tela de televisão bem de perto? Você percebe que a imagem é formada por um monte de pontinhos coloridos. E que se um desses pontinhos se apagar não vai fazer a menor diferença pra imagem toda. Às vezes eu me sinto como um desses pontinhos. Parece que se eu sumir não vai mudar muita coisa no mundo.
Gastão: Medo é uma parada que dá e passa. A gente sente e depois não sente mais. É como se a gente, sei lá, se esquecesse dos perigos que podem acontecer com a gente a qualquer momento. Mas teve um dia que eu vi um atropelamento sinistro da janela do meu quarto. Uma garota mais ou menos da minha idade atravessou a rua fora de hora e um carro bateu nela. Tava segurando uns livros. Tudo arremessado pra longe. Demorou uns dez minutos pra ambulância chegar e levaram ela. Acho que ela não morreu não. Mas nesses dez minutos ela gritava tanto, mas tanto, que me doía só de ouvir o grito dela. Ela sofreu muito. A minha vó me fala desde que eu sou criança que a única certeza que a gente tem é a morte. Eu posso ficar 50 anos sem pegar um resfriado, mas eu sei que um dia eu vou morrer. Quando eu vi aquela mulher sofrendo eu comecei a... sei lá. Medo é uma parada que dá e passa. Mas desde aquele dia eu vivo o tempo todo com medo de sofrer.
Júlia: Sabe qual é a coisa mais difícil de sair da adolescência? Ser mulher e sair da adolescência! Tudo bem. Eu ainda tenho dezessete anos. Teoricamente ainda sou adolescente. Mas já começam as cobranças pro resto da minha vida! O que eu vou fazer na faculdade, com o quê que eu vou querer trabalhar, se o meu namorado é o homem certo pra mim... É tanta coisa, tanta coisa. Porque a mulher hoje em dia ganhou o direito de trabalhar e ganhar dinheiro igual ao homem, mas não perdeu o dever de manter uma casa e ser mãe de família. Então agora eu to com dezessete anos, tendo que tomar um monte de decisões definitivas pro resto da minha vida sendo que seis anos atrás eu ainda estava brincando de Barbie! Eu acho que a gente só devia poder escolher a nossa profissão com mais de trinta. E pensar em casar com 40. Pelo menos assim a gente ia ter tempo pra conhecer mais gente e experimentar todas as possibilidades de trabalho. É mais certeza de acertar. Mas eu sei que não é bem assim, né? A vida é muito mais direta. Não direta não é bem a palavra. A palavra é...
Sem dúvida alguma, essa peça inédita de Rodrigo Nogueira, será mais um grande sucesso do autor. Que, agora, deseja saber a sua opinião. Deixe - a como cometário.
Melhor de Três
A peça se passa num palco vazio com um telão atrás. Os cenários, passagens de tempo e alguns personagens são projetados no telão.
Júlia
17 anos. Doce e centrada. Quer fazer faculdade de veterinária e é apaixonada pelo namorado Gastão.
Gastão
18 anos. Divertido e extrovertido. Não é lá muito estudioso, mas está longe do estereótipo do fortão burro. Um garoto comum, que adora esportes e é bastante esperto. Quer fazer faculdade de educação física. Ama sua namorada Júlia.
Andrezinho (Dedé).
17 anos. Inteligente e tímido. Melhor amigo de Gastão. É completamente diferente dele, mas os dois se dão muito bem. Andrezinho também é bastante amigo de Júlia e segura a barra das brigas do casal porque gosta muito de ambos.
Cena 1
Música jovem e acelerada. Os três entram em cena fazendo mímica de ações do cotidiano dizendo os seguintes textos simultaneamente e repetidamente. Num dado momento, a música cai pra BG e cada um deles se destaca dizendo o texto sozinho:
Andrezinho: Quando eu era criança eu ficava pensando em como o Universo era enorme. Daí eu criava coragem pra fazer o que eu bem entendesse. Eu pensava que se tinha tanta coisa acontecendo no infinito, uma coisinha que eu fizesse não faria a menor diferença pro mundo. Mas agora esse mesmo pensamento que me deixava tão corajoso, tem me deixado sem ação. Agora parece que tudo o que eu faço acaba virando uma bobagem perto de tanta gente fazendo tanta coisa. Às vezes eu tenho a impressão de que eu vou ser engolido pelo universo. Sabe quando a gente olha uma tela de televisão bem de perto? Você percebe que a imagem é formada por um monte de pontinhos coloridos. E que se um desses pontinhos se apagar não vai fazer a menor diferença pra imagem toda. Às vezes eu me sinto como um desses pontinhos. Parece que se eu sumir não vai mudar muita coisa no mundo.
Gastão: Medo é uma parada que dá e passa. A gente sente e depois não sente mais. É como se a gente, sei lá, se esquecesse dos perigos que podem acontecer com a gente a qualquer momento. Mas teve um dia que eu vi um atropelamento sinistro da janela do meu quarto. Uma garota mais ou menos da minha idade atravessou a rua fora de hora e um carro bateu nela. Tava segurando uns livros. Tudo arremessado pra longe. Demorou uns dez minutos pra ambulância chegar e levaram ela. Acho que ela não morreu não. Mas nesses dez minutos ela gritava tanto, mas tanto, que me doía só de ouvir o grito dela. Ela sofreu muito. A minha vó me fala desde que eu sou criança que a única certeza que a gente tem é a morte. Eu posso ficar 50 anos sem pegar um resfriado, mas eu sei que um dia eu vou morrer. Quando eu vi aquela mulher sofrendo eu comecei a... sei lá. Medo é uma parada que dá e passa. Mas desde aquele dia eu vivo o tempo todo com medo de sofrer.
Júlia: Sabe qual é a coisa mais difícil de sair da adolescência? Ser mulher e sair da adolescência! Tudo bem. Eu ainda tenho dezessete anos. Teoricamente ainda sou adolescente. Mas já começam as cobranças pro resto da minha vida! O que eu vou fazer na faculdade, com o quê que eu vou querer trabalhar, se o meu namorado é o homem certo pra mim... É tanta coisa, tanta coisa. Porque a mulher hoje em dia ganhou o direito de trabalhar e ganhar dinheiro igual ao homem, mas não perdeu o dever de manter uma casa e ser mãe de família. Então agora eu to com dezessete anos, tendo que tomar um monte de decisões definitivas pro resto da minha vida sendo que seis anos atrás eu ainda estava brincando de Barbie! Eu acho que a gente só devia poder escolher a nossa profissão com mais de trinta. E pensar em casar com 40. Pelo menos assim a gente ia ter tempo pra conhecer mais gente e experimentar todas as possibilidades de trabalho. É mais certeza de acertar. Mas eu sei que não é bem assim, né? A vida é muito mais direta. Não direta não é bem a palavra. A palavra é...
4 comentários:
Quando eu li "Melhor de três" me apaixonei!!
Adoro esse jeito do Rodrigo de escrever, que repete no fim do texto, ou da peça, falas que foram ditas no começo!! E nessa peça isso é feito de maneira exepcional!!
Com certeza "Melhor de 3" vai ser mais um grande sucesso do Rodrigo!
Mah
Como sempre eu me impressiono com os textos do Rodrigo. De tão excelentes eu já não me surpreendo por que sei que vou amar, e ao ler a minha certeza é confirmada... Mas ainda assim você se surpreende. Haha! O texto é maravilhoso!!!
Quando a pessoa tem talento é outra coisa...
Parabéns Rodrigo!!! ♥
Sua fã de Natal/RN
@Ladynhaaa
O que mais gosto nos textos do Rodrigo é como nos conseguimos nos identificar com as personagens, atitudes...
Ele escreve situaçoes do cotidiano em que todos ja viveram, vivem ou viverao um dia. Alem disso nas peças em alguns momentos, podemos ter percepçoes diferentes.
Bia
Sem dúvida alguma, "Melhor de três", será mais um sucesso do Rodrigo.
Adoro os texto do Rodrigo é demais o cara e ferra :D
bjos
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